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sexta-feira, 26 de abril de 2013

Património Cultural Edificado de Olelas/Sabugo - Sintra

Num dia de chuva visitei, quiçá um dos muitos Sitios de Interesse Público pouco cuidados e conhecidos do Património Cultural de Sintra. A convite de Rui Oliveira, um dos agentes culturais e do património com vasto conhecimento teórico e no terreno do concelho de Sintra, para uma caminhada fotográfica ao património cultural  da Serra de Olelas. "O arqueossítio designado por "Complexo arqueológico de Olelas (Serra de Olelas)" reporta-se a um povoado fortificado e a dois monumentos de planta circular escavados nos anos cinquenta por Eduardo da Cunha Serrão e Eduardo Prescott Vicente, que os interpretaram, então, como monumentos sepulcrais.
Contudo, as escavações conduzidas no local por João Ludgero Marques, entre os finais da década de oitenta e os inícios dos anos noventa, colocaram a descoberto alguns troços de muralha e uma "semi-torre" a eles adossada, obrigando, por conseguinte, a uma revisão do entendimento anterior e a própria análise das estruturas circulares como partes integrantes de um hipotético complexo sistema defensivo calcolítico (GONÇALVES, J.L.M., 1993, p. 38), de configuração quadrangular e complementado pelas duas falésias rochosas aí existentes.
Património Cultural de Olelas / Sabugo-Sintra
Inserido no contexto das comunidades desenvolvidas no Ocidente Peninsular entre os 4.º e o 3.º milénios a.C., este povoado faria, certamente, parte de uma rede mais alargada de pequenos povoados, mas cujo desconhecimento tem decorrido, sobretudo, do facto de os localizados em altura apresentarem uma monumentalidade aparentemente ausente naqueles. Uma abordagem que se adequará, no fundo, às leituras efectuadas nos últimos anos na nossa Arqueologia, onde, no âmbito de uma interpretação pós-processual, se têm analisado as ocorrências escavadas de um ponto de vista menos determinista e mais heterogéneo, respeitando as especificidades naturalmente imputadas a cada região e às necessidades próprias de cada comunidade que neles habitava, como tantos outros povoados, fortificados, ou não, defensivos, ou não, atendendo à sua plurifuncionalidade. Em todo o caso, os dados colhidos no povoado de Olelas parece evidenciar uma realidade comum a muitos outros arqueossítios similares: o seu abandono ainda em pleno Calcolítico, embora as suas causas ainda não sejam totalmente compreensíveis.
Quanto ao espólio exumado no local, destaca-se um ídolo de cornos, característico deste horizonte cultural da Península de Lisboa, encontrado em 1992 no interior da "semi-torre" e na unidade estratigráfica calcolítica, imediatamente sobreposta à neolítica. Além deste artefacto, as investigações realizadas em meados do século XX (vide supra) permitiram recolher diversos fragmentos de cerâmica incisa e impressa, aparentemente associados a vasos de bordo denteado e a taças carenadas (CARDOSO, J.L., 1994, p. 63)". Ora feitas as fotos, reflectindo sobre o estado do Sitio, cada vez mais degradado, descemos a Serra e voltamos ao povoado, agora habitado por uma dezena de familias, que pouco sabem e nada usufruem de um Património Cultural, que em muitos lugares, onde o interesse público se manifesta pela preservação e contribuem para a valorização e melhoria das populações. A memória e a preservação desses vestígios populacionais, remontam ao CALCOLÍTICO, classificado como SIP - Sítio de Interesse Público, sob a tutela do IGESPAR IP | Património, não podem ser ignorados e a população se assim for chamada para essa tarefa, cuidar do que é de todos, certamente verá com bom olhos todo o seu apoio. Posted by José A.S. Figueira.

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